08/09/2022

Pequena crônica do cotidiano.

O temido estágio em colégio público...

Sem remuneração, sem auxílio transporte, 60 horas. Um verdadeiro malabares para conciliar a pequena vida adulta que começa a despostonar. E, é claro, a minha bendita cara de 15 anos: "Os alunos pensarão que sou uma aluna". Sapato alto, maquiagem, olhar sério, sem voz fina, sem risadinhas, postura. "É, não deu certo", rio enquanto me contemplo no espelho.

Viver a alegria de ver a expectativa no olhar de cada um daqueles jovens. Recordar com frequência a fala de meu pai espiritual: "Em todo jovem mesmo no mais infeliz, há um ponto acessível ao bem e a primeira obrigação do educador é buscar esse ponto, essa corda sensível do coração, e tirar bom proveito". E, apesar das aparências que insistem em impregar o coração de desesperança, escolho a confiança. Minha inocência juvenil me espanta, e escutando a alguns relatos percebo como a vida pode, pouco a pouco, ir nos roubando essa capacidade de saborear a doçura mesmo no amargor.

Fico me perguntando o que estaria eu fazendo ali e porque parecia haver uma força que me atraia a permanecer ali. Ficar. É que a vida pede por um terreno onde possa se fixar e dar fruto: trinta, sessenta, cem.

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