20/11/2023

Resenha do filme O Teto (1956), dirigido por Vittorio De Sica.

Gosto muito desses filmes mais simples. Eles me fazem perceber como a forma de narrar um acontecimento é capaz de transformar algo banal e ordinário numa verdadeira história. Acredito que isso seja válido até pra nossa vida, porque em algumas situações a única solução que vamos ter para resolver um problema vai ser enxergá-lo sob uma nova perspectiva. Pensando nisso, decidi partilhar com vocês minhas impressões sobre um filme que assisti recentemente na plataforma do Mubi. Ele se chama O Teto, foi lançado em 1956 e foi dirigido por Vittorio De Sica.

O filme fala sobre um casal italiano recém-casado que estava em busca da própria casa. E não é que eles quisessem grandes coisas, luxos ou muito conforto. Só queriam, literalmente, um teto para chamar de seu. Naquela época a Itália passava por uma crise profunda e era muito difícil que as pessoas conseguissem arcar com os custos de um aluguel, e muito menos com a compra de um imóvel. Por isso, os cidadãos começaram a construir moradias irregulares que, logo, se tornam ilegais.

Quando a polícia encontrava uma dessas construções durante a sua execução, a casa era demolida e os responsáveis precisavam pagar uma multa altíssima. Contudo, se o teto já estivesse plenamente construído, aquela propriedade se tornava privada e a polícia não podia mais demoli-la. Ou seja, as construções precisavam ser feitas com muita velocidade para impedir que alguém as visse, denunciasse e a polícia as destruísse. Assim, apesar da aparente simplicidade, essa narrativa também consegue nos deixar bem apreensivos!

O que mais gostei no filme foi o seu tom bem humano, mostrando a fragilidade e, ao mesmo tempo, a determinação das personagens. A união do casal ao longo da narrativa para conseguir a própria casa é um exemplo disso. Eles precisaram encarar seus medos, angústias e incertezas para alcançar o objetivo que desejavam, e isso não aconteceu de forma tranquila e linear. Esse processo foi cheio de reviravoltas, igualzinho como acontece conosco. Acompanhar o sofrimento desse casal fez com que eu me questionasse porque teriam decidido se casar se sabiam que passariam por essa dificuldade. E, antes que eu tentasse encontrar alguma resposta, o próprio filme me respondeu: o desejo que tinham de ficar juntos ultrapassava, e muito, qualquer adversidade que pudesse aparecer.

Falando desse jeito parece que o filme é mais uma daquelas histórias açucaradas, em que não existem boletos ou dilemas da vida adulta. Mas não é isso que o filme representa e, muito menos, aquilo que eu estou tentando expressar aqui. O filme revela que o parâmetro para as nossas decisões não precisa se basear apenas no conforto, porque há outras coisas muito mais valiosas do que uma vida 100% confortável - se é que essa vida exista mesmo. Então, mais do que propor a todos os jovens que se casem mesmo sem ter onde morar, o filme nos mostra que construir o próprio lar (às vezes literalmente) é uma tarefa difícil, mas que vale a pena.

Em relação às personagens, eu gostei muito da protagonista. Sua humildade em reconhecer seus erros e em pedir ajuda chamou a minha atenção. Além disso, ela apresentou uma disposição contínua em apoiar o marido, mesmo que em alguns momentos não pudesse fazer nada de concreto para ajudá-lo. A sua presença era, portanto, o principal conforto que poderia oferecer naquele momento. Também achei interessante como outras figuras femininas ajudavam a amenizar os conflitos, promovendo a paz diante das dificuldades e tentando esclarecer as perturbações que afligiam os outros personagens.

Ao final do filme cheguei à conclusão de que ele seja uma boa opção para assistir com o namorado, noivo ou marido. Porque a partir da experiência dos protagonistas, os casais podem refletir sobre os desafios que já superaram, traçar objetivos para o futuro e pensar em como podem continuar se apoiando e crescendo juntos. A cena final, por exemplo, me deixou bastante reflexiva, porque o silêncio diante daquilo que tinham conquistado abre portas para vislumbrarem tudo que ainda vão viver. E é tão bom viver essa expectativa esperançosa, né?

O filme está disponível em algumas plataformas de Streaming, como a Mubi e o Amazon Prime. Além disso, você pode assisti-lo gratuitamente pelo YouTube com legendas em português.


Se você já assistiu a esse filme, me conte nos comentários! Vou adorar saber as impressões que tiveram. Espero que tenham gostado do blogpost de hoje e, para aqueles que não conheciam o filme, que se sintam motivados a assisti-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário