18/05/2020

Fiquemos atentos!


Quando decidi começar a escrever este blog, fiquei pensando sobre o que poderia falar. Não quero causar mais barulho. Aprecio o silêncio e tudo que ele me ensinou. Então, tenho o coração dividido. Vivi muito pouco. Sobre o que poderia falar? Logo reconheço: é tempo de calar, plantar, esperar. Mas este tempo é tão maluco e tão exigente, que ele também precisa que eu fale em alguns momentos. Mas, muitas vezes, não sei o que falar. Quando isso me acomete, de repente no final de um dia muito angustiante, escuto as músicas do meu cantor predileto.

Ele canta e cala. É silencioso. Suas músicas fazem a corda do meu coração ressoar. Portanto, hoje, deixarei que ele fale por mim. Recomendo que tirem um momento do dia para escutar estas músicas, elas merecem atenção.




16/05/2020

Desabrocham os botões.


Grande vantagem possuem as flores!
Envoltas numa perfeita simplicidade
Transmitem aos homens os odores
Das suas singelas formas de felicidade.

A beleza primaveril é singela;
Salta somente aos olhos a pequenez
Que brilha como uma vela
Prestes a derreter de vez.

Aprende-se muito contemplando o desabrochar
De uma flor, que se viu crescer dia após dia
Pois nela está tudo que uma alma pode almejar!

Escutar a doce e sincera melodia
Que ecoa em nós – devagar e sem cessar,
Preparando-nos para o grande dia...


Gabriela Miranda

03/05/2020

Convite amoroso.


Cada olho denuncia
Quantos dias traçou
Com a mão que tremia.
Um segundo passou...

Com os lábios amargos
Me convida para ir
Conhecer seus afagos
– É pra te divertir!

Não, eu não posso senhor.
(Perfeitamente vivo,
Vive assim sem dor?)
Como num improviso

vê meu olhar e sorri!
Ansioso repete o convite
Esperançoso pelo por vir:
Nego. O olhar persiste

Tentando arrancar
De mim um segredo.
O ônibus parece parar
E ele, sem medo

Permanece em pé.
Ao se aproximar
Sente a latente fé
Com a qual tento alcançar

Suas vísceras apodrecidas.
Sorri. Se despede
Com palavras entristecidas.
Algo me impede

De elevar à voz e dizer:
Senhor, o caminho não é este!
Mas não posso ser
Essa que diz o que sente.

Porque na sua miséria
Eu também existo.
Somos da mesma matéria;
Redimidos pelo Cristo.

Amei aquele velho
como quem ama algo valioso.

Havia um homem vivo diante de mim.

Gabriela Miranda