11/02/2022

Sobre a própria existência.

Apresentação de A hora e vez de Augusto Matraga em Pindamonhangaba, 2019.

Dos tempos do Ensino Médio ficam as saudades... A vida tinha um gosto doce demais que chegava a ser amargo. A vida toda à beira de um precipício chamado FUVEST. Aceitar a nossa própria história é aceitar os planos de Deus, só Ele conhece o íntimo dos corações e porque permitiu que uma jovenzinha ganhasse o papel do Joãozinho Bem-Bem numa montagem teatral do Guimarães da Rosa. Demoro-me contemplando tudo aquilo sou e me assusto. Não entendo as mãos desse artesão que, tão delicadamente, tece minha própria mortalha.

A vida é breve como um suspiro. É preciso recordar-se sempre disso e amparar cada amanhecer nessa verdade. Contemplo com certa suspeita o céu azul das seis da manhã. Onde me esperas, Senhor? Sento-me diante de um computador e por cinco horas trabalho. Onde me esperas, Senhor? Em cada esquina da vida Ele deseja me encontrar. Onde me esperas, Senhor?

Nas memórias não há silêncio. Há um turbilhão de vozes que se confundem, que exigem atenção, que desejam reconquistar a força que antes tinham. Calo-me. Diante de nós mesmos é preciso respeito e reverência. O Senhor nos criou com suas próprias mãos. Sentada, diante do crucifixo, fixo meu olhar em mim mesma: preciso estar atenta a minha existência que é tão fugidia. O Cristo amorosamente me contempla. Senhor, onde estás?

Quando comecei a escrever esse texto não pensei que ele sairia tão facilmente do meu peito. É que o tenho buscado em muitos lugares, mas não o encontro. Esconderam meu Amado de mim. Madalena, em seu desespero, não reconhece o próprio Jesus Ressuscitado. Acaso serei eu? Tu o dizes. Maria. Jesus.

Dos tempos do Ensino Médio até hoje trago dentro de mim o mesmo coração que facilmente parece se perder. Onde me esperas, Senhor?

Do teu lado, filha, bem perto de ti

É aqui que Ele está.

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