06/07/2020

Poética.

As poças de água brilhando com a chuva:
Cai gota por gota – perfeita calmaria!
Sobre a terra que cobre o marido, a viúva
Chora lágrima por lágrima. Ave Maria!

Arfa de dor e amor: velha, curvada e magra.
Silenciosamente aperta as mãos em prece,
Sua alma relutante à Virgem consagra.
Mesmo se confessar aos outros pudesse

Que palavras cumpririam fiel serviço
De emoldurar uma vida inteira de amor?
Além da Morte, que poeta poderia

Ter nas mãos tão incompreensível artifício
Capaz de salvar do último beijo o ardor
Como quem sabe que o primeiro esqueceria?

Gabriela Miranda.

4 comentários:

  1. Acho tão bonita a conquista de se escrever uma poesia. Espero, um dia, escrever poemas tão bons quanto os seus, miss Gabriela. Por enquanto, entrego-me à prosa, minha eterna amiga.

    Beijos açucarados e au revoir

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  2. Que profundo! A morte e o amor são temas difíceis de escrever. Os dois juntos, então, nem se fala!
    Parabéns Gabriela.

    https://latibuloinefavel.blogspot.com/

    Com carinho,
    Maju

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    Respostas
    1. É verdade hahaha mas eles estão mais unidos do que se imagina!
      Obrigada!
      Abraços.

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