Cada olho denuncia
Quantos dias traçou
Com a mão que tremia.
Um segundo passou...
Com os lábios amargos
Me convida para ir
Conhecer seus afagos
– É pra te divertir!
Não, eu não posso senhor.
(Perfeitamente vivo,
Vive assim sem dor?)
Como num improviso
vê meu olhar e sorri!
Ansioso repete o convite
Esperançoso pelo por vir:
Nego. O olhar persiste
Tentando arrancar
De mim um segredo.
O ônibus parece parar
E ele, sem medo
Permanece em pé.
Ao se aproximar
Sente a latente fé
Com a qual tento alcançar
Suas vísceras apodrecidas.
Sorri. Se despede
Com palavras entristecidas.
Algo me impede
De elevar à voz e dizer:
Senhor, o caminho não é este!
Mas não posso ser
Essa que diz o que sente.
Porque na sua miséria
Eu também existo.
Somos da mesma matéria;
Redimidos pelo Cristo.
Amei aquele velho
como quem ama algo valioso.
Havia um homem vivo diante de mim.
Gabriela Miranda
Oi, Gabriela! Como está?
ResponderExcluirJá tinha "folheado" seu cantinho, hoje tirei um tempo para deixar aqui também um comentário.
Que encanto. Tudo. Sua trajetória, sua proposta, sua escrita, o layout, o título... Tudo.
É sempre belíssimo enxergar a luz em cada um que divide a casa conosco. Por "casa" eu me refiro ao mundo. A gente pulsa num ritmo só.
Abraço enorme, fique bem e tenha um domingo bem bonito!
Fiquei muito feliz com seu comentário, Larissa! Muito obrigada pela atenção. Ainda me lembro de quando era mais nova e acompanhava seu blog hahaha. O tempo passou, mas em nossos corações continua a pulsar aquele mesmo desejo de viver aquilo que a poesia oferece: um gosto de eternidade.
ExcluirBonjour, miss Gabriela. Ça va?
ResponderExcluirSeu texto me fez refletir, sentir, sonhar, ansiar, temer. Seu blog se tornou uma inspiração para mim em poucas páginas, como escritora e como pessoa também. Obrigada por isso. Conheci seu blog por meio do blog da Lizandra e já deixo aqui meu "seguir", pois ele é simplesmente mágico.
Beijos açucarados e au revoir.
Muito obrigada, querida Bruna! Fico muito contente em saber que minhas palavras conseguiram te alcançar.
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