12/09/2023

Uma dose de silêncio.

Escrever sempre foi um dos meus principais refúgios. Recordo-me com carinho das primeiras estórias criadas, do primeiro "manuscrito" impresso em letras com fonte tamanho 50, daqueles poemas apaixonados, da grande ilusão de já ter me tornado uma excelente escritora no auge dos meus quinze anos. Cada uma dessas memórias, apesar de suas criancices e bobeiras, me ajudam a me reencontrar. E, recentemente, é o que mais tem acontecido.

Hoje posso dizer que minha vida descansou. Muitos daqueles marcos sociais se cumpriram: terminar a faculdade, casar, engravidar do primeiro filho. Mas fosse a vida só isso, eu não sentiria isso que tenho sentido aqui dentro. Ouso dizer que seja um mistério, daqueles que encucou sábios, santos e profetas. O mistério de viver.

Já tinha me confrotado com essas coisas antes, mas nunca do jeito como tem sido agora. Há mais silêncio e é difícil intuir os próximos passos. Porque agora o que a vida me pede é um verdadeiro descanso, um descanso naquilo que sou. Alcançar aqueles marcos sociais deve ter lá sua importância, mas arrisco dizer que é quase mínima. Há coisas muito melhores aqui dentro do que lá fora.

Por isso, esse é um texto para mim mesma e pra todo mundo que sofre da ansiedade crônica dos nossos tempos. Viver em paz, tranquilamente e com a monotonia própria ao Universo que, todos os dias, pede para o Sol nascer, é um presente enorme que nos foi dado. É só aí que se tem tempo para olhar com calma, no fundo dos olhos.

Há muita beleza e alegria em simplesmente ser.